“Todas as canções que faço são com amor”

A entrevistada Mel | fonte da fotografia: Mel

Mel tem 24 anos e reside em Lisboa. Desde pequena que é encantada por este mundo. Aos seis anos encontrou para uma escola de música, no entanto, confessa que “só aos nove é que percebi que “tinha voz”. A jovem escreve as suas próprias músicas e refere que o processo da sua criação vai variando. Sendo que, a parte que mais gosta do processo é quando surge a ideia. De modo a concluir, aconselha aos apaixonados pela música que nunca desistam e para acreditarem neles próprios.


O que significa para si a palavra música?

Para mim a palavra música significa, acima de tudo, amor e partilha.

Como é a música começou a fazer parte da sua vida?

Lembro-me que a minha mãe colocava música no “gira-discos” quando eu era pequena. Comecei a decorar algumas das canções e a cantá-las sempre que tocavam. Acabei por entrar numa escola de música, quando tinha seis anos, mas só aos nove é que percebi que “tinha voz”, por isso digo sempre que começou nessa altura.

Sendo o fado uma vertente da música tão importante para os portugueses, como o carateriza?

O Fado é das coisas mais bonitas que temos no nosso país. Para mim é verdade. A voz importa, claro, mas a intenção e história que a voz carrega é a prioridade.

O que sente quando canta?

É difícil responder a essa pergunta. Mas os sentimentos que trago comigo quando canto variam. Às vezes sinto cansaço, tristeza, gratidão, tanta coisa. E há dias em que honestamente não sinto nada. Às vezes não mora cá ninguém, como diz o meu mestre. Detesto os dias em que não sinto nada. Não gosto de me sentir sem nada para contar.

Quem foi a sua maior influência para entrar no mundo da música?

Os meus avôs. Francisco e Fernando. Incentivaram-me sempre muito. O meu avô Francisco disse-me sempre que eu pertencia à música. Pediu-me, antes de partir, para nunca desistir do sonho e para me fazer rija, porque a luta seria dura. O meu avô Fernando sempre disse que eu era do Fado. Que iria batalhar para encontrar a minha linguagem dentro do mesmo, mas que sem dúvida que era do Fado. Foi Ele que me levou a uma casa de fados pela primeira vez. E foi aí que o meu percurso começou.

É você que escreve as suas músicas?

Eu escrevo, sim, mas não tenho nenhuma canção cá fora. O Fado vive muito da interpretação de diversos fados (maioritariamente tradicionais) de outros artistas. Todos nós podemos dar algo novo a um tema que já existia. É algo engraçado, a meu ver.

Como descreve o processo da sua criação e depois o mostrá-la ao público?

O processo criativo varia. Há dias em que escrevo em 5 minutos e adoro o que escrevo. Noutros tenho ideias, mas depois parece que não saio dali. Quando mostro a alguém por norma sinto-me vulnerável e exposta. No bom sentido. Sinto-me entregue e até compreendida. É a minha verdade.

Qual é a parte do processo que mais gosta?

Gosto muito da altura em que surge a ideia. Quase que me arrepio com a história que tenho na minha cabeça. E passá-lo para palavras e melodias é só a coisa mais bonita e real de sempre.

O que as suas músicas significam para si?

Amor. Sou muito do amor. E todas as canções que faço são com amor. Por amor.

Vai haver novos temas brevemente?

Possivelmente. Toda a indústria ficou abalada nos últimos meses, mas quem sabe em breve esteja num estúdio a gravar as minhas canções.

Tem assim tanta facilidade em falar das suas emoções na vida como tem nas suas músicas?

Sim. Nunca me reprimi no que toca ao dizer o que sinto. Contudo, há alturas em que me é mais fácil cantar do que falar.

Qual é o tema que mais se orgulha de cantar?

“No Teu Poema” de José Luís Tinoco. Não é meu, mas sinto-o como se fosse.

O que pretendem que as pessoas sintam quando ouvem as vossas músicas?

Acho que verdade, crença. É bonito quando as pessoas nos ouvem e sentem o que cantamos. Melhor ainda quando se identificam com as palavras. Criamos ligações, quase que sem querer.

Como foi atuar no festival caixa fado 2019?

Foi uma das melhores e mais incríveis experiências da minha vida. Aprendi muito e saí de lá uma Mel bem mais feliz e realizada. Conheci muita gente bonita e partilhei tanto com eles (e eles comigo). Aquele palco diante de toda uma plateia cheia, foi incrível.

O que mais gosta nesta profissão?

Gosto muito da partilha e da possibilidade de cantar e me conhecer sempre mais um pouco. Sempre que canto sinto que estou a resolver uma parte da minha vida, e também a dar um pouco mais de mim. É gratificante poder dar de mim sem pensar em receber. É mesmo uma sorte e deixa-me genuinamente feliz.

E o que menos gosta?

Talvez a rivalidade que se cria... há muita gente que vive a “olhar para o lado” em vez de se preocupar consigo mesmo. Eu não vivo disso. Faço o meu trabalho, tenho a minha linguagem. E respeito o trabalho do próximo. Sei apreciá-lo também. E gostava que todos pudéssemos fazer o mesmo. Éramos bem mais felizes.

Faz alguma coisa sem ser música, ou a sua vida é apenas dedicada à música?

A minha vida é apenas dedicada à música.

Qual foi a melhor coisa que já lhe disseram?

“Eu acredito em ti.”

Qual é o seu sonho profissional que adorava concretizar?

Ser alguém de quem as pessoas se lembram na indústria. Alguém que as pessoas oiçam quando precisam de ser salvas duma preocupação ou outra. Ser reconhecida pelo meu trabalho.

Que conselho oferece aquelas pessoas que querem seguir o ramo da música?

Nunca desistam, por favor. Muitos vos vão dizer que vocês não merecem ou que não conseguem. Não se agarrem a essas coisas. Acreditem em vocês próprios e façam por vocês. Façam com amor, acima de tudo. E não se preocupem em agradar a toda a gente. Ninguém consegue fazê-lo e isso vai tirar-vos a paz e o foco do que realmente importa.


Esta entrevista tambem se encontra no facebook da ULP Infomedia

 


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