“Dedico-me e vivo da música a 100%”

Diogo Lopes, artista SYRO | Fonte da Fotografia: Diogo Lopes

Diogo Lopes é o artista SYRO. Tem 25 anos e é natural do Barreiro. Fez parte da banda “Caelum”, um projeto que o fez torna-se no artista que é atualmente. As suas músicas são resultado de um trabalho coletivo. Diogo adora todas as suas músicas, porém, considera um desafio como cantor interpretar as suas músicas ‘Deixa Passar’ ou o ‘Perto de Mim’. Por fim, o músico aconselha todos aqueles que querem seguir este percurso a não desistir e lutarem pelos seus sonhos.

O que significa para si a palavra música?

Música é, desde sempre, uma parte indissociável de quem sou. É o meu combustível, a nível profissional e pessoal.

De que maneira, a música começou a fazer parte da sua vida?

Desde muito novo que consumo todo o género de música e sempre bebi muito, enquanto criança, do que lá em casa os meus pais gostavam de ouvir. Remonto a uma memora em particular que provavelmente foi o trigger que veio dar início a toda esta jornada: tinha eu os meus 12/13 anos e o meu pai levou-me a ver um concerto da banda tributo oficial a “Genesis” (uma das bandas favoritas dele), onde fui confrontado com a performance exímia do suposto Phil Collins. Isso levou-me a querer estudar música e aprender o instrumento bateria.

Quem foi a sua maior influência para entrar no mundo da música?

No seguimento da resposta anterior e pelos motivos que referi, a nível pessoal o meu pai - porque sempre partilhou comigo o gosto musical dele e me levou a ver aquele concerto, entre muitos outros - e a nível musical o Phil Collins, exatamente pelo legado e trabalho que nos tem deixado até hoje e que, consequentemente, mudou a minha vida.

Integrou vários projetos como baterista, tendo sido cofundador da banda portuguesa “Caelum” O que significa o nome da banda?

“Caelum” não é uma sigla nem acrónimo. Mas significa ‘céu’ em latim.

Como descreve esta experiência?

Os “Caelum” fizeram parte de um bom bocado da minha vida e tudo o que sou hoje deve-se muito a este projeto. Foi uma banda que começámos entre amigos, numa garagem pequenina, tinha eu ainda 16 anos e que eventualmente foi ganhando relevância. Foi uma banda que me viu literalmente crescer, a nível pessoal e profissional, com quem partilhei muitos anos e quilómetros de estrada, muitas horas de estúdios e boas memórias.

Qual foi o motivo de ingressar neste projeto individual sendo o SYRO?

Eventualmente comecei a sentir a necessidade de ter o meu próprio espaço de expressão e dar a cara pelas canções que escrevia.

Como chegou à conclusão do nome artístico SYRO?

Quando decidi apresentar-me ao público numa carreira a solo não me quis apresentar em nome próprio. Porque eu distingo o Diogo do SYRO, sendo o segundo a persona artística que dá a cara pelas canções e mensagens que o Diogo escreve e quer passar. Na verdade, a origem da palavra “syro” remonta a milhares de anos atrás, altura em que o “Syro-Aramaico” era considerado “língua-franca”, dialeto resultante de um grupo multilíngue de pessoas que intencionalmente adota ou desenvolve para que todos consigam sistematicamente comunicar uns com os outros. Portanto, e em analogia à “língua-franca”, a minha intenção foi que as pessoas recebessem o trabalho do SYRO através de uma língua universal, a música. “Cyro” foi também o nome do meu cão que, no momento de escolha deste pseudónimo que assumo, terá tido influência.

É você que escreve as suas músicas?

Faço parte de todo o processo de escrita, composição e produção das minhas canções, mas é habitual fazer-me rodear de outros compositores e produtores em estúdio para trabalhar comigo. Uma canção minha é, por norma, o resultado de trabalho coletivo.

Como descreve o processo da sua criação até ao lançamento da música?

O processo de criação não é linear. Tanto pode ser uma melodia que me surge no duche, como posso estar às compras numa loja qualquer que está a passar música e sou influenciado para criar algo sobre aquela canção, ou à semelhança do que disse na resposta anterior, em estúdio, rodeado das pessoas que seleciono para comporem canções comigo. Cada canção é uma canção e eu costumo dizer que são elas que se contam por si, nós só as traduzimos e materializamos de forma a ganharem vida. Eu acho que existem dois tipos de ‘songwriters’: os que começam pela letra e os que começam pela melodia.

Eu sou mais do segundo tipo. Para mim, melodias são cores que nos conduzem para a emoção que querem passar. Depois de ter a melodia pergunto-me sempre: o que é que isto me faz sentir, o que é que eu quero dizer ao ouvir isto - e nasce a letra. Depois é produzido, mixado, masterizado e até esta etapa já consumi a canção até à exaustão. Mas quando se torna pública e disponível para todos ganha uma vida diferente e deixo de a sentir como só minha.

Qual é a parte do processo que mais gosta?

Acho que cada fase é única e especial à sua maneira. Apesar de me ver muito como “rato em laboratório” e me apaixonar sempre pelo processo de criação, de ver algo meu a nascer, fica difícil escolher entre isso e o momento em que a canção deixa de ser só minha para fazer parte da vida das pessoas, adaptando-se à realidade e interpretação de cada um.

Tem assim tanta facilidade em falar das suas emoções na vida como tem nas suas músicas?

Sim. Sempre fui adepto e praticante da transparência e, ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, expormo-nos pelo que nos intriga e nos é intrínseco não faz de nós mais vulneráveis ou fracos, muito pelo contrário.

Qual é o tema que mais se orgulha de cantar?

Não é uma questão de orgulho, gosto de todas as canções que lancei até hoje - ou não as teria lançado. Mas talvez o ‘Deixa Passar’ ou o ‘Perto de Mim’ pelo desafio que são de interpretar como cantor.

O que pretende que o público sinta ao ouvir as suas músicas?

Acima de tudo que se relacionem com o que estou a dizer. E com isto não entendam que têm de sentir exatamente o que eu quis dizer quando as escrevi. Como disse, cada pessoa irá entender e interpretar as canções de acordo com o que conhecem e vivem e isso é que é a parte mágica da coisa - uma canção pode viver de mil significados.

Como é ter uma música a passar numa novela?

É incrível. Qualquer plataforma que ofereça visibilidade e exponencie o trabalho de um artista é muito boa e sempre bem-vinda.

Descreva como se sente ao ouvir uma das suas músicas a passar na rádio?

À semelhança da resposta anterior volto a salientar que sem rádios, novelas, blogs, entrevistas ou qualquer outro meio que difunda o meu trabalho tudo se torna relativamente mais difícil de chegar às pessoas. Portanto fico muito feliz e grato por ter este tipo de apoio e apreciação da parte de quem gosta e ajuda o meu trabalho a crescer. Ouvir as minhas canções em rádio é muito gratificante, por tudo o que empenho nas minhas canções.

De que modo, carateriza a música “Acordar” que lançou há algumas semanas?

O “Acordar” compara a maneira mágica de uma criança ingénua e de mente fértil de ver o mundo (criança essa que eu era) versus a maneira de ver o mundo de alguém que já cresceu para o ver de maneira diferente. É uma espécie de desejo nostálgico de quem por vezes gostaria de voltar e acordar no “sonho em que morava”.

Para além do seu trabalho neste ramo, a que mais se dedica?

Dedico-me e vivo da música a 100%. Seja como SYRO, em concertos, estúdio ou a escrever para outros, ou a dar aulas de bateria para um projeto de cariz e intervenção social para jovens.

Qual é o seu maior objetivo profissional a atingir?

Sou uma pessoa muito ambiciosa e, como tal, não me consigo reduzir a um só objetivo. Os sonhos são muitos e as metas também. Mas gostaria talvez de conseguir um dia internacionalizar a minha música. Mas acima de tudo quero é chegar ao máximo de pessoas possível e que tudo o que estou a fazer faça também sentido para quem me ouve.

Que conselho oferece aquelas pessoas que querem seguir o ramo da música?

Não desistam. Se de facto querem muito uma coisa, trabalhem e deem de vocês os impossíveis para o atingir. Acreditem em vocês e no vosso valor, mesmo que sejam os únicos a acreditar. Ficariam surpresos se vos dissesse a quantidade de “não’s” que já recebi em apenas um ano e meio de carreira e existência como SYRO.


Diogo Lopes, artista SYRO | Fonte da Fotografia: Diogo Lopes

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