“Tive a sorte de ter sido exposto à música desde que nasci"

Ricardo Toscano músico | Fonte da Fotografia: Ricardo Toscano


Ricardo Toscano tem 26 anos e reside em Lisboa. O artista esteve envolvido no mundo da música desde sempre. Refere-se à música como “um universo gigante onde podemos encontrar tudo”. O músico começou por tocar clarinete, mas o seu sonho sempre foi tocar saxofone como o pai. Por fim, menciona que os seus projetos futuros durante esta quarentena, são aproveitar ao máximo para estudar, tornando assim esta quarentena em algo positivo. Considera-se a ele mesmo um sortudo por trabalhar na área da música.

De que forma carateriza a palavra música?

Para mim é um universo gigante onde podemos encontrar tudo. Uma forma de expressão única. Uma forma de comunicação com tantos recursos e com tanto por explorar.

De que maneira a música começou a fazer parte da sua vida?

Tive muita sorte de nascer numa família onde a música era o centro. O meu pai é músico profissional e a minha mãe também tocou saxofone na filarmónica quando era jovem.

Considera que houve muitas influências ao longo da sua carreira, de modo, a se tornar no artística que é hoje?

Claro que sim. Tudo aquilo que vivemos contribui para a nossa perspetiva e é isso que sai do nosso instrumento.
Como descreve o seu percurso?

Tive a sorte de ter sido exposto à música desde que nasci, o que fez com que o meu ouvido tenha sido estimulado desde muito cedo. Cresci sempre fascinado por ver o meu pai a tocar e os highlights da semana seriam ver concertos dele.

Aos 8 anos comecei a tocar na banda filarmónica da cidade onde cresci (Amora). Nesta altura tocava clarinete, mas o “sonho” sempre foi tocar saxofone, como o meu pai. Aos 10 comecei a tocar saxofone em casa de vez em quando. Costumava tocar por cima dos discos de jazz que tinha.

Aos 13 entrei na Escola de Música do Conservatório Nacional na classe de clarinete. A
os 15 na Escola Profissional da Orquestra Metropolitana de Lisboa onde concluí o Ensino Secundário (ainda em clarinete). Em paralelo, estudei um ano na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal.

Aos 17 entrei em regime especial na licenciatura em Jazz na ESML. Desde que tenho 17 anos tive oportunidades incríveis de trabalhar com músicos incríveis e muito mais experientes do que eu, em vários estilos de música (Jazz, pop, erudita, fado, música portuguesa, etc).

Como caracteriza o seu trabalho como músico?

Diria que é um trabalho muito romântico de intensa pesquisa diária. O meu objetivo é estar dentro da música, em contacto absoluto com a música como todos os músicos que me inspiram.

Como é trabalhar com os outros músicos?

É o melhor! É a única maneira de lidar com o inesperado. Negociação de ideias em tempo real. O valor sentido de democracia. E é uma forma muito poderosa de fazer música, com a energia de todos.

O seu grupo musical é constituído apenas por instrumentos, nomeadamente, saxofone, piano, contrabaixo e bateria. Como é ter uma banda apenas de instrumentos sem vocalista?

Ter uma banda completamente instrumental é super normal neste estilo de música. Neste caso, o saxofone faz o papel da voz.

Não ambiciona trabalhar com uma banda com um cantor ou prefere apenas instrumentos?

Por agora estou a gostar muito de explorar os formatos em quarteto e em trio. Com voz certamente acontecerá no futuro.

Tem alguma experiência que possa contar, isto é, se já tocaste em alguma banda com vocalista?

Claro que sim! Enquanto sideman (ajudante) já toquei com muitos cantores de vários estilos musicais como por exemplo, Judy Niemack, Dena DeRose, Cristina Branco, Fafá de Belém, Ana Moura, Paulo de Carvalho, Ricardo Ribeiro, entre muitos outros.

Como carateriza a música que toca?

Eu tento fazer com que a música aconteça da forma mais honesta possível. Tento que tenha os princípios base que deram a origem a este estilo musical e que seja música humana. Sempre com uma perspetiva infinita.

Na qualidade de músico, o que mais gosta na sua profissão?

Gosto muito de sentir que a música salva, de facto, o mundo. O objetivo é ter impacto emocional nas pessoas. Se as pessoas se sentem melhor depois de assistirem a um concerto meu, isso é sensação de missão, diária, cumprida. Sentir que a música junta as pessoas e as eleva espiritualmente. Isso é a melhor parte de ser músico!

E o que menos gosta?

O que menos gosto é de fazer concertos só por necessidade financeira e não acreditar na música que estou a tocar. Sendo que, atualmente, já estou livre disso, por agora. Ao mesmo tempo, não me arrependo nada desses concertos. Contribuíram bastante para a minha consistência e versatilidade enquanto músico.

Quais as características que acha que são necessárias para ser um bom músico?

Na minha opinião, um bom músico deve ser: ultra apaixonado pelo que faz, deve acreditar que ninguém gosta mais daquilo do que ele. Deve ter dedicação, abraçar uma causa espiritual dentro da música e não uma causa financeira.

Acredito que a parte financeira seja mais interessante enquanto consequência da dedicação profunda do que como objetivo base, querer aprender mais todos os dias, não gostar demasiado do que já consegue fazer. Deve ser também, um bom ser humano, bem-educado, com bom sentido de humanidade, investigar a história da música e ser pontual.

Como se sente por mais uma vez regressar a “A Love Supreme”?

Ultra feliz por ter recebido este convite/desafio. É sempre uma enorme responsabilidade e um grande desafio revisitar uma obra-prima. Estou ansioso para que chegue o momento de entrar em palco e tocá-la como se fosse a primeira vez. É isso que sinto. Uma obra com esta matéria prima tem tantas possibilidades e tantos sons que cada vez que se toca, é como se fosse a primeira. Vou fazer o meu melhor para estar pronto.

Tem projetos futuros que possa revelar?

Projetos para o futuro que possa revelar neste momento de pausa mundial. O projeto agora é poder estudar o máximo possível e tornar esta quarentena numa coisa positiva. Escrever música nova para trabalhar no próximo disco.

Imaginava-se a trabalhar noutro ramo em vez de no meio da música?

Honestamente, não. Sou um sortudo.

Como se idealiza daqui a 10 anos?

Espero estar a tocar melhor do que agora. Gostava de tocar com músicos melhores do que eu, de inspirar os mais novos e de fazer música melhor.
Tocar a minha música em todo o mundo!

Que conselho sugere aquelas pessoas que querem ter uma carreira profissional baseada na música?

Sejam sonhadores e tenham muita dedicação!

Ricardo Toscano músico | Fonte da Fotografia: Ricardo Toscano

A entrevista também se encontra no site da ULP Infomedia
https://www.facebook.com/notes/ulp-infomedia/tive-a-sorte-de-ter-sido-exposto-%C3%A0-m%C3%BAsica-desde-que-nasci/3084440104939821/

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