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Marito
Marques o baterista | Fonte fotografias: Mário Marques
Mário Marques tem 32 anos e é natural de Arganil. Desde pequenino que adotou o nome Marito e desde então é chamado assim. Aos 5 anos recebeu a sua primeira bateria e foi um dos dias mais felizes da sua vida! Refere que o seu percurso foi baseado em muito trabalho. Marito praticava todos os dias de modo a ser cada vez melhor. As melodias foram algo que sempre lhe foram surgindo, levando-o assim, a caminho do lançamento do seu quarto CD.
De
que forma carateriza a palavra música?
Para
mim, enquanto músico, é uma forma de expressão, uma forma de partilhar com o
público as minhas experiências e emoções não só como artista, mas como pessoa. Como ouvinte tento colocar o meu lado de músico à parte, que nem sempre é
fácil, ignorando o lado técnico e teórico e deixar-me levar pela música apenas
como ouvinte.
De
que maneira a música começou a fazer parte da sua vida?
A
música apareceu sem aviso e de forma natural. Não tenho músicos na família,
para além do meu avô materno que tocava guitarra portuguesa por diversão. Os
meus pais falam que em bebé eu comecei por tocar em tachos e panelas com
talheres. Quando tinha 2 anos compraram-me uma bateria de plástico e quando fiz
5 anos, ofereceram-me uma bateria a sério, foi um dos dias mais felizes da
minha vida! Foi assim que tudo começou!
Considera
que houve muitas influências ao longo da sua carreira, de modo, a tornar-se no
artística que é hoje?
Claro,
ser músico é ser inspirado por tudo à nossa volta. Os meus pais sempre foram a
minha grande inspiração, não são músicos, mas é graças a eles que sou músico
hoje e que a levo de forma séria e profissional. Claro que tenho várias
influências como músico, se tivesse de nomear um, o baterista Vicky Marques foi
sem dúvida muito importante, apareceu na minha vida no momento certo!
Como
descreve o seu percurso?
O
meu percurso é como uma estrada longa que sobe a serra, mas que começa bem de
baixo! Acho que foi e é um percurso em ascendente, de forma natural e com muito
trabalho, muitas horas atrás da bateria a tentando melhorar a cada dia. Depois
de tantas horas de estudo e vários concertos em bares até altas horas da
madrugada tudo o resto aconteceu naturalmente, todas as tours e
experiências incríveis que tive e tenho na música só aconteceram, e acontecem,
devido ao trabalho árduo e disciplina.
Para
além, de “drummer” (baterista) também é compositor e produtor. Como é
trabalhar nestes campos da música?
Sempre
gostei de sair da minha zona de conforto e aprender mais, daí explorar outras
vertentes na música para além de tocar o meu instrumento. Em relação à
composição sempre tive melodias que me surgiam na cabeça e sempre as quis
gravar com outros músicos, essa foi uma das principais razões pela qual gravei
o meu disco e neste momento vou a caminho do meu quarto CD.
Qual
é a parte do processo que mais te fascina e porquê?
“Ver”
uma música a nascer e dar-lhe forma a partir de uma simples melodia ou acordes
é algo que me fascina e me inspira. Cada música que componho ou produzo é com
um desafio sem saber onde ela irá parar!
Na
qualidade de músico, o que mais gosta na sua profissão?
De
simplesmente acordar todos os dias e saber que vou fazer algo que amo e
acredito de verdade. Quando somos crianças temos vários sonhos e imaginamos o
que queremos ser quando crescermos, eu sempre quis fazer música e faço-o hoje,
não poderia pedir mais, sinto-me abençoado.
E
o que menos gosta?
Lembro-me
de quando morava em Portugal e os meus horários eram um desastre, deitar-me as cinco
da manhã, porque o concerto num bar começava à meia noite; felizmente tudo mudou
quando vim para o Canadá, tenho horários em que consigo conciliar com família e
ser até mais produtivo durante o dia. Por vezes estou em tour durante um
mês sem voltar a casa e cheio de saudades. Esses são os lados menos positivos
na minha carreira.
Quais
as características que acha que são necessárias para ser um bom músico?
Ser
bom músico é executar de forma única o seu instrumento, ser profissional,
chegar preparado e a horas; e estar preparado para vários e diferentes cenários
no campo da música.
Neste
momento encontra-se a residir no Canadá, correto?
Sim,
correto, moro em Toronto. A razão pela qual me mudei foi porque adoro neve e
frio… Não estou a brincar!! A minha esposa já morava cá antes de nos
conhecermos, quando a vim visitar a primeira vez percebi que Toronto era muito
mais musical do que alguma vez imaginava. E como sempre quis um desafio na
minha vida e morar noutro lugar, Toronto foi sem dúvida a cidade perfeita!
Acha
que é o melhor para a sua carreira?
Neste
momento sim. Cresci muito em Toronto, enquanto pessoa e músico, é uma cidade
com um nível musical muito elevado e onde a música é levada muito a sério. A
lista de músicos e artistas com quem toco, produzo e gravo é enorme, tenho
muitas saudades de Portugal e quero fazer mais música no nosso país e manter a
ligação, mas tenho a plena consciência que aqui (Toronto) tenho muito mais
oportunidades e sou também mais respeitado.
Como
acha que é vista a música no Canadá em comparação a Portugal?
Em
primeiro lugar há mais música a acontecer no Canadá, especialmente em Toronto
onde existe música de várias partes do mundo devido a ser uma cidade com
pessoas provenientes de mais de 230 países diferentes e a terceira maior cidade
na América do Norte. É uma cidade bastante maior que Lisboa, onde morei antes
de vir para aqui. Uma cidade grande como Toronto faz com que haja mais oportunidades,
mas também mais “competição”.
Mesmo
com alguma tristeza, tenho de admitir que a nível geral a música é levada mais
a sério no Canadá que em Portugal. Mas claro que o nosso país tem músicos
incríveis!
O
seu álbum “Na Eira”, foi gravado em quatro países, combinando 15 músicas de 10
nacionalidades diferentes. Como surgiu este projeto?
Sim.
Este projeto foi e é a continuidade dos meus discos anteriores, eu sempre
gostei de misturar culturas, sons, línguas e cores. Daí ter convidado tanta
música de tantos lugares diferentes, cada um trouxe experiências e uma magia
diferente a cada música.
Como
carateriza este álbum?
Tenho
sempre muita dificuldade em responder a essa pergunta. Este disco mistura
tantos estilos que se torna complicado de o catalogar, mas sem dúvida tem a
vertente do Jazz à mistura com a música lusófona.
Tem
projetos futuros que possa revelar?
Estou
a gravar o meu próximo disco que é baseado no Cantar Alentejano, sinto que este
estilo musical ainda está para “rebentar”. Neste momento estou com quase 80% do
disco gravado, posteriormente irá para mistura e masterização e tenho alguns
convidados surpresa!
Imaginava-se
a trabalhar noutro ramo em vez de no meio da música?
Por
vezes penso nisso, mas não me parece que vá acontecer, não me consigo ver a fazer
nada a “full time” (tempo inteiro) que não seja música.
Como
se idealiza daqui a 10 anos?
Com
mais cabelos brancos!
Não
penso muito no futuro, especialmente num futuro distante. Tento aprendido cada
vez mais a viver o presente e o momento, trabalhando arduamente para um futuro
melhor sem pensar muito nele. Peço desculpa por não ter uma resposta para esta
pergunta.
Que
conselho sugere àquelas pessoas que querem ter uma carreira profissional
baseada na música?
Trabalhar
arduamente de forma diária com a vontade em aprender mais e melhorar nunca
metendo a humildade de lado.
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Marito
Marques o baterista | Fonte fotografias: Mário Marques
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Marito
Marques o baterista | Fonte fotografias: Mário Marques
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A entrevista também se encontra no site da ULP Infomedia:
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