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O entrevistado Pedro Santos, China The Saint. Fonte das Fotografias: Pedro Santos |
Pedro
Santos tem 20 anos e, atualmente, reside nos Estados Unidos da América. Um
jovem promissor da música que já conta com alguns singles compostos por si e
alguns feats com outros jovens talentos musicais. Um rapaz que leva a
vida de forma muito espontânea, que está aberto à descoberta e ao que a vida
lhe proporcionar. É cantor, compositor e escreve todas as suas músicas. Refere
que a música sempre fez parte da sua vida e que o ajuda a descrever os seus
sentimentos.
Para
si o que significa a palavra música?
Nunca
fui bom com teorias, mas para mim música é tudo o que soa bem no ouvido de alguém.
Tudo o que tenha ritmo e crie algum tipo de emoção, para mim, pode ser
considerado música.
Como
é que a música começou a fazer parte da sua vida?
Desde
pequeno a minha mãe levava-me para os karaokes, porque ela sempre gostou de
cantar. Eu gostava sempre de ir com ela, porque via que ela cantava com gosto,
ela era muito boa no que fazia e dava me aquela sensação de querer fazer o que
ela faz então acho que foi por aí que tudo começou. A música fez sempre parte
da minha vida, sempre gostei de andar sozinho com os meus fones e com a minha música.
Outra
pessoa que fez parte da música e até hoje ainda me ajuda muito foi o JUONNE.
Ele é um artista internacional de Electronic Dance Music (EDM), percebe
muito de programas de produção música e foi ele que me ajudou a começar isto
tudo. Em 2015 ele estava na minha turma e era um rapaz muito afastado sempre
com o computador à frente dele, eu como sou curioso fui ter com ele para ver o
que fazia ele tanto tempo no computador. Ele passava horas a produzir e pouco a
pouco foi me ensinando os básicos.
Em
2019 já tinha uma boa ideia de como fazer instrumentais e fazia um beat
quase todos os dias. Passei muitas horas a praticar e muitas horas a ver vídeos
no youtube à espera de melhorar. Cada vez que acabava um beat na
minha cabeça começava a imaginar melodias e palavras que podiam encaixar no
instrumental. A primeira música que gravei foi nuns fones com microfone, que eu
normalmente usava parar jogar, estavam longe de perfeitas as vocais, mas com a
ajuda do JUONNE parecia que tinha gravado aquilo num estúdio.
Por
isso é que digo a toda a gente que está a querer começar a fazer música, para
não investir muito antes de sequer fazerem o primeiro som. Experimentem um
bocado e quando se sentirem mesmo confortáveis com o que fazem, aí sim,
invistam.
Porque
o nome artístico “China the Saint”? O que significa?
Na
verdade, parece muito mais complicado do que é. Desde sempre toda a gente me
chamou “China”, ninguém me conhece por outro nome por isso “China” tinha de
fazer parte. “The Saint” é simplesmente para detalhar que “China” sou, porque
já existem muitos “Chinas” no mundo musical e foi mais para facilitar quem me
procura. “The Saint” vem do meu último nome “Santos”, então juntei tudo e mudei
algumas coisas para soar melhor no ouvido e saiu esse nome.
É
você quem escreve as suas músicas, correto?
Sim,
sou sempre eu que escrevo tudo! Nas minhas músicas tudo o que ouvem sou eu a
falar, sou eu que estou a passar a mensagem. Penso que no que realmente sou bom
é a transmitir emoções, acho que quem ouve sente o que eu digo e sempre foi
esse o meu objetivo.
Como
descreve o processo da sua criação e, depois, o mostrá-la ao público?
A
meu ver sempre foi muito fácil, quando uma pessoa tem de forçar para entrar num
beat ou para encaixar umas frases acho que já não vale a pena. A música
tem de ser fluída, tudo sai de forma natural. Tenho músicas que fiz em trinta
minutos e são das melhores. Simplesmente é só encontrar ou produzir algo que gostem,
mas mais importante, algo que a vossa voz encaixe, daí a parte de experimentar.
Eu gosto muito de vários estilos musicais, mas não é só por gostar dos
instrumentais de sertanejo que vou fazer um som desses. Encontrem algo que se
identifiquem a 100% e tudo vai sair naturalmente. Mostrar ao público foi sempre
muito fácil, atualmente está feito para as coisas serem mais simples que
qualquer um pode ser artista.
Quando
lançou a sua primeira música “Perdido”, qual foi o seu maior receio?
Sinceramente
não tinha receio de nada, não tinha expectativas altas, não partilhei o som com
ninguém, apenas os meus amigos ouviram. Tive trinta views e já me sentia
orgulhoso. Eu nunca fiz música por causa da fama nem por causa de dinheiro, até
hoje não faço dinheiro com a música e mesmo assim continuo a fazer. Acho que me
dá gosto de ver tudo alinhado e da maneira que eu gosto. Tenho ali umas cinco
ou seis músicas que fui eu que as fiz do início ao fim e são 100% minhas. É
disso que me orgulho verdadeiramente.
Como
foi que o público reagiu? Consegue descrever a reação deles e a sua?
A
primeira música não teve muito reconhecimento. O público dessa música foram os
meu amigos e família. Eles perceberam que eu gostava mesmo do que fazia então
acho que disseram que gostaram simplesmente para me motivar, o que funcionou
porque se não fosse aquele apoio inicial eu não tinha continuado.
O
que as suas músicas significam para si?
Significam
muito mesmo, não são como as outras músicas que ouço na rádio, estas são mesmo
minhas. Ter algo feito do início ao fim, passado horas a trabalhar no beat,
a escolher letras, a formar melodias e mexer no mix, a pesquisar tudo o
que não sabia para poder aplicar na minha música, isso tudo junto e esse
trabalho todo que está por trás da música e que muita gente não nota significa
imenso para mim. Esforço-me para que tudo soe bem e nem sempre calha bem à
primeira. Essas músicas são noites sem dormir, são momentos de felicidade ou tristeza
que vou recordar para sempre, porque está tudo nessas músicas.
Há
novos temas em progresso?
Como
todos os artistas espero não parar até não ter voz, quero continuar a encher
bares e discotecas, quero puder encher coliseus, quero ter a vida que os
grandes tem e para chegar a isso não posso parar. Tenho muitos projetos
inacabados e muitos acabados prontos para lançar e em 2020 vai ser o meu melhor
ano no que toca a quantidade musical e espero que o público perceba que a
qualidade também está a aumentar.
Tem
assim tanta facilidade em falar das suas emoções como tem na música?
Não
tenho mesmo! A música foi sempre uma maneira de aliviar os meus pensamentos, o
meu microfone já ouviu coisas que mais ninguém ouviu. Em casa no meu estúdio é
onde me sinto em paz, tudo o que tenho em cima da minha secretaria foi fruto do
meu esforço então é lá que deixo tudo. Gosto de andar sozinho com os meus
pensamentos, na minha cabeça as outras pessoas já têm demasiados problemas para
ainda terem de lidar com os meus. Nas músicas dou tudo e é lá que ouvem o que
sinto que é raro.
Qual
é o tema que mais se orgulha de cantar?
Sem
dúvida é o “Teu Abraço”, é a mais conhecida, o público adora e toda a gente
sabe a letra. Quando canto a música no concerto nem preciso de usar o
microfone, sinto-me feliz e concretizado por ver toda a gente a cantar do início
ao fim. A que gosto mais e ouvir pessoalmente é a “best friend”, é a que
me traz as melhores memórias sem dúvida.
Este
desejo de cantar já existia ou foi algo que apareceu de repente?
Sempre
gostei de cantar, desde pequeno acompanhei a minha mãe, porque era uma coisa
que ela gostava muito de fazer, não é que seja o melhor cantor, mas
simplesmente gosto. Gosto de escrever letras, inventar melodias, aprender a
tocar novos instrumentos, a música sempre fez parte de mim.
Neste
momento encontra-se a trabalhar e a residir nos Estados Unidos da América. Qual
é o trabalho que realiza? Porquê a decisão de partir para um novo continente?
A
mudança é uma das coisas mais difíceis que enfrentamos, mas a mudança é inevitável.
Uma razão para não gostarmos de mudar é, porque ficamos confortáveis onde
estamos, habituamos-nos ao nosso trabalho que não gostamos e ao pouco que
temos, queremos sempre mais, mas pouco fazemos para mudar, eu atuei. Gosto de
ser espontâneo, gosto de viver a vida a sentir aquilo que vejo no telemóvel.
Quero experimentar tudo e isto de viver em New York City (Nova Iorque) foi
sempre um sonho, mas para estar aqui tive de abdicar de muito, deixei a família,
os amigos e do meu estúdio. Porém, o bom é que estou a aprender a ser
independente, estou a tentar ficar confortável fora da minha zona de conforto, simplesmente
não gosto de vida monótona.
Se
pudesse dedicar-se à música o resto da vida voltava para Portugal, ou esse não
é o seu sonho?
Claro
que voltava para Portugal, é a minha terra. Adoro a cultura, sito-me
verdadeiramente em casa e incluído na sociedade. Aqui parece que és só mais uma
pessoa, ninguém te olha de forma diferente, és apenas mais um número. Em
Portugal tenho tudo o que amo e espero um dia puder viver aí e construir uma família,
mas quem sabe.
Como
foi realizar algumas parcerias musicais com outros artistas como os “Goodfellas”
e o “Kartel”?
O
“Kartel” ajudou me muito no que toca a música, sem ele não tinha continuado, ele
motivou-me e de certa forma obrigou-me a querer mais, porque eu não o queria
deixar ficar mal. Com os “Goodfellas” já foi diferente, já eram mais experientes,
já sabiam o que deviam ou não deviam fazer e tive um prazer imenso em aprender
com eles.
De
que forma, descreve a realização dos videoclipes?
Nunca
gostei de fazer videoclips, sempre foquei muito mais no som do que na imagem,
mas com o Cúmplice tudo foi muito mais simples. Ele já trabalhou com vários
artistas e não só, já fez vídeos para grandes youtubers e tem muita experiência
na arte. Acho um grande profissional, sabe levar tudo a sério, por isso que
faço todos os meus clips com ele, tudo flui perfeitamente. Gravamos o clip
num dia e nessa mesma noite ele vai para o computador acabar o trabalho, é muito
dedicado e tem gosto naquilo que faz que eu acho que é o necessário.
Quais
foram as melhores palavras que já lhe disseram relativamente à sua música?
Palavras
só se tiverem sido do Julinho KSD, abri o show para ele e estivemos a conversar
na zona vip depois do concerto e disse-me coisas simples, mas que vindas
de um artista grande significam sempre mais. Palavras já tive algumas que foram
especiais, mas como se costuma dizer “uma imagem vale mais que mil palavras”. Já
me mandaram fotos de casais que eu uni com a minha música por muito estranho que
pareça, já me disseram que ajudei a passar por tempos mais difíceis e já recebi
fotos de pessoas a chorar, porque se identificaram realmente com a música.
Qual
é o seu maior objetivo profissional a atingir?
Desde
que vi o Russ a atuar em Portugal e vi ele a por 13 mil pessoas com as
lanternas ligadas no Altice Arena pensei “um dia quero ser eu a fazer isto”. Só
espero puder continuar a trabalhar para que esse dia chegue, quero de certa
forma agradecer a todos que me apoiaram desde o início. Ultimamente tenho
trabalhado com artistas da América do Sul e dos Estados Unidos da América e
acho que esse também era grande objetivo que sempre quis cumprir, gosto de
variar os estilos e não me focar só em trabalhar para dentro do país.
Como
se imagina daqui a 10 anos?
Sou
muito espontâneo para conseguir responder a essa pergunta, se me dissessem há
10 anos que ia estar a morar em New York City (Nova Iorque) não me ia acreditar
mesmo, por isso não consigo dar uma resposta exata.
A
única coisa que consigo imaginar é puder ver a minha irmã a entrar na
universidade. Quero dar-lhe tudo aquilo que a minha mãe não me pode dar a mim e
tentar ajudar em tudo que posso à minha família. Quero estar mais próximo do
meu objetivo, caso ainda não o tenha concluído e quem sabe ter um filho? Não
sei mesmo, nem sei o que vou estar a fazer no próximo verão.
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O entrevistado Pedro Santos, China The Saint. Fonte das Fotografias: Pedro Santos |
Esta entrevista também se encontra no site ULP Infomedia
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