A
banda The Black Mamba é caraterizada por serem portadores de músicas de
vários estilos. A banda é como uma família, todos muito cúmplices. Os
entrevistados são o seu vocalista/ guitarrista Pedro Taborda mais conhecido
como Tatanka e o baterista Miguel Casais, que estão juntos, profissionalmente, desde os primórdios da banda.
Sofia
Coelho: Primeiramente, o que vos trouxe para o mundo da
música?
Tatanka:
O que foi que te trouxe ao mundo da música?
Miguel:
Vou ser sincero, lá em casa sempre ouvimos música, nós andávamos de skate, e
houve uma vez que o meu irmão magoou-se, e o meu pai ofereceu-lhe a
guitarra, ele não podia andar de skate, e a partir daí ficamos todos
contagiados. O meu pai tocava um bocado e ficou tudo ali contagiado pela viola
e hoje estamos aqui…
Tatanka:
A falar contigo… (risos) O que me trouxe à música? Não me lembro bem já…. Foi
os meus pais, certamente, eu comecei a tocar pequenininho, porque eles tocavam,
eram hippies, tinham sempre lá gente a tocar jambés, guitarras e fogueiras e
esse tipo de cenas, esse imaginar. E pronto, eu comecei pequeninito, sei lá,
sete ou seis anos, uma coisa assim do género. Comecei na vida da artistice. No outro dia, encontrei uma fotografia engraçada do primeiro concerto que eu
fiz, em 1994, portanto, estou quase como os xutos caraças (risos) 25 anos de
carreira maluco. Agora é que vi, 25 anos de carreira pah, portanto, eu quando
tiver 60 anos vou ter 50 anos de carreira puto, isso vai ser um sonho!
Sofia:
Como é que decidiram criar a banda The Black Mamba?
Miguel:
A banda começou, porque nos fomos convidados para integrar uma banda, que era
uma banda residente de um clube em Lisboa, que era o Speak Easy, um clube muita
giro, tinha música ao vivo. E na altura, o dono do clube queria fazer uma banda. Aquilo tinha mesas, inicialmente, era um clube de jazz, havia jantares, e
ele quis fazer um dia que havia a house band, banda residente, e tirou as mesas todas que era só
para dançar, Easy Speak Band, e foi aí que o Tatanka, ou seja, eu estava já
junto com a maior parte dos músicos, e depois, precisavamos de um guitarrista, e
alguém recomendou o Duarte, um amigo comum, e apareceu lá o Tatanka, e eu já
tinha tocado com ele numa outra banda reggie, hip hop, que era uma banda
engraçadíssima “Os Manifestos” e era só diversão e risada. E depois quando o
Tatanka apareceu lá “Opah estás aqui porreiro, maravilha”, era um guitarrista.
E cantores, tinha lá um outro cantor e tal, e nos dissemos que era preciso
cantar e ele que sabia cantar umas músicas, e começou a cantar. E depois, começamos
a engendrar aqui o plano de fazer os The Black Mamba.
Tatanka: Depois, a banda começou-se a reduzir para podermos tocar nos bares, na altura, porque essa
banda Easy Speak era uma banda grande. Era uma banda que tinha, sei lá, seis ou
sete elementos, e depois começamos a reduzir, a reduzir, para podermos tocar em
todos os clubs que haviam em Lisboa e no ano a seguir, assim foi, fizemos 260
concertos só de Black Mamba trio, eramos só três, era baixo, bateria, guitarra
e voz, em 2011, mais os concertos que nós já fazíamos como músicos de outros
artistas, porque ele tocava para a Aurea, já na altura, eu tocava com o Richie
Campbell e com mais malta, tocávamos todos com bué da gente. E então, nesse ano, eu
lembro-me que eu fiz uns 300 e tal concertos, acabei aquele ano, ia morrendo,
sei lá, mas foi, as coisas todas acontecem por um motivo.
E foi tudo muito rápido, em 2010, a banda aparece, e fez essa cena do Easy Speak e rapidamente nos reduzimos, e já fizemos os primeiros concertos três pessoas, em 2010.
Na altura, começamos abrir bares, no Bairro Alto, de música ao vivo, tocávamos num bar icônico do Bairro Alto que era o Maria Cachucha, e aquilo enchia tanto à segunda-feira, tanto que estava gente de chapéu de chuva, no inverno a ver de fora, e os outros bares à volta quiseram também ter música ao vivo e chamavam-nos para abrir os bares, bares que nunca tinham tido música ao vivo. Começaram a chamar-nos para irmos, e abríamos os quatro ou cinco assim. Então a gente tocava só no Bairro Alto, todos os dias, era segunda, quarta, quinta, e sexta, depois íamos ao Speak Easy na terça e no sábado, era uma coisa assim, não saíamos dali, quase, e o facto de termos feito tantos concertos nessa época fez me ficar tão cansado, tão cansado que foi rápida essa faceta dos The Black Mamba foi muito rápida, muito fogaz, e eu percebi logo que não era ali que a malta deveria estar, sabes? E eu disse “olha malta não quero cortar a vossa ganza, mas não quero fazer mais esta cena, quero gravar um disco!"
Em 2011, gravamos o disco, o primeiro. Isto foi tudo num ano, e em 2012, lançamos e fomos logo ao Rock in Rio, e a seguir fomos logo tocar aos Estados Unidos, foi assim tudo muito rápido e muito sem saber como aconteceu as coisas, tivemos esse primeiro disco, tivemos meio disco a passar nas rádios ao mesmo tempo, tivemos cinco ou seis músicas a tocar em simultâneo, em rádios diferentes, emissoras mais de jazz tocavam um tipo de música, como a Smooth Fm ou a Marginal, a Oxigénio. Depois havia as rádios mine stream, que tocavam outras músicas, tinhas as rádios alternativas, tipo Antena 3 que tocavam outras, e foi quem nos lançou. Foi bué de fast, e foi isso que aconteceu na altura, e que nos trouxe até aqui, e se calhar se não tivéssemos o desgaste que tivemos naquele primeiro ano, continuávamos ali, e hoje estávamos lá ainda... Era preciso dar um corte naquele registo para passar para outro.
E foi tudo muito rápido, em 2010, a banda aparece, e fez essa cena do Easy Speak e rapidamente nos reduzimos, e já fizemos os primeiros concertos três pessoas, em 2010.
Na altura, começamos abrir bares, no Bairro Alto, de música ao vivo, tocávamos num bar icônico do Bairro Alto que era o Maria Cachucha, e aquilo enchia tanto à segunda-feira, tanto que estava gente de chapéu de chuva, no inverno a ver de fora, e os outros bares à volta quiseram também ter música ao vivo e chamavam-nos para abrir os bares, bares que nunca tinham tido música ao vivo. Começaram a chamar-nos para irmos, e abríamos os quatro ou cinco assim. Então a gente tocava só no Bairro Alto, todos os dias, era segunda, quarta, quinta, e sexta, depois íamos ao Speak Easy na terça e no sábado, era uma coisa assim, não saíamos dali, quase, e o facto de termos feito tantos concertos nessa época fez me ficar tão cansado, tão cansado que foi rápida essa faceta dos The Black Mamba foi muito rápida, muito fogaz, e eu percebi logo que não era ali que a malta deveria estar, sabes? E eu disse “olha malta não quero cortar a vossa ganza, mas não quero fazer mais esta cena, quero gravar um disco!"
Em 2011, gravamos o disco, o primeiro. Isto foi tudo num ano, e em 2012, lançamos e fomos logo ao Rock in Rio, e a seguir fomos logo tocar aos Estados Unidos, foi assim tudo muito rápido e muito sem saber como aconteceu as coisas, tivemos esse primeiro disco, tivemos meio disco a passar nas rádios ao mesmo tempo, tivemos cinco ou seis músicas a tocar em simultâneo, em rádios diferentes, emissoras mais de jazz tocavam um tipo de música, como a Smooth Fm ou a Marginal, a Oxigénio. Depois havia as rádios mine stream, que tocavam outras músicas, tinhas as rádios alternativas, tipo Antena 3 que tocavam outras, e foi quem nos lançou. Foi bué de fast, e foi isso que aconteceu na altura, e que nos trouxe até aqui, e se calhar se não tivéssemos o desgaste que tivemos naquele primeiro ano, continuávamos ali, e hoje estávamos lá ainda... Era preciso dar um corte naquele registo para passar para outro.
Sofia:
Na altura acreditavam chegar tão longe?
Tatanka: Sei
lá, eu não sei como te sentias Miguel, mas eu sentia que não era para mim, estar
ali naquele filme, era fixe, adoro continuo a tocar, volta e meia, temos um
clube lá na praia das maçãs onde eu comecei a tocar, e onde a gente sempre
volta lá, contra vontades de agências. E sabemos que não é o nosso spot, mas
voltar às origens e perceber que somos todos iguais uns aos outros, porque
estas mordomias, a maneira como nos tratam nos festivais e sistemas de som e
gente para tratar de tudo, é uma cena altamente, mas é fixe sempre voltares às
tuas origens e perceber como é que as cenas começaram. As cenas, normalmente,
começam sempre de uma cena muito raiz, muito básica, muito inocente. E essa cena da
inocência é super bonita néh? E vai se perdendo no meio do caminho, às vezes.
Sofia:
Como é que chegaram à conclusão do nome da banda, The Black Mamba?
Miguel:
A certa altura estávamos a ver um programa da National Geographic, que era sobre
a cobra Black Mamba, e achamos piada ao nome, e pensamos “porque que não
apostamos em Black Mamba? Estamos aqui a espalhar o veneno”, e acabou por ficar
até hoje.
Tatanka:
Até o Corby Bryan, depois, nos copiou (risos)
Sofia:
Como foi inaugurar, o primeiro dia, desta 1º edição do Wine & Music Valley?
Tatanka:
Incrível! Nós já estamos habituados a estas andanças, felizmente, já passamos
pelos maiores palcos principais dos festivais todos do Marés Vivas ao Alive, o
Crato. Estamos habituados, esta cena dá-nos uma adrenalina extra, uma pica
extra para curtir e foi super fixe, é um conceito diferente dos festivais
normais, então, tens um público um bocadinho diferente. Perceber que as pessoas
arredaram o pé de comer, de beber vinho, para encher aquela cena e estavam
todas connosco, foi super bonito para nós, foi muito gratificante, é o que nos
dá força para continuar a fazer música, porque as pessoas acham que fazer música
é uma cena muito bonita, é fama, é “tira aí uma selfie”, “dá aí um autografo”…
essa cena é a parte mais chata de fazer música, para ser franco, porque fazer música
é a nossa strable diária muito grande, é batalhar bastante fora dos palcos,
para quando se chega aos palcos, o impacto seja, por exemplo, como foi connosco hoje,
as pessoas agarram-se ao chão, à pessoas que conhecem, pessoas que vieram de propósito,
pessoas que não conhecem de lado nenhum… É uma batalha de muito suor e muitas
lágrimas, muito esforço e dedicação, então é muito gratificante puder vir a
está 1º edição, e termos sido recebidos da forma que fomos.
Sofia:
Algum projeto para breve?
Miguel:
Temos agora um projeto, temos aqui dois concertos bastante importantes para nós,
que vamos fazer os coliseus agora para dia 5 de outubro em Lisboa, e 11 de
outubro no Porto. Portanto, nós estamos a canalizar as energias todas para aí,
agora num futuro próximo. Depois temos uma nova etapa da nossa carreira, da banda,
que vamos fazer um regresso às origens…
Tatanka:
Aquelas origens que já falamos…
Miguel:
As do trio, precisamente, vamos fazer uma tourné, ali de novembro a março,
sensivelmente, onde vamos, precisamente, revisitar essa altura do trio, dos bares, algumas
versões misturadas com originais, vamos andar pelo país todo em formação de
trio, para reviver essa altura.
Tatanka:
Vai ser curioso porque, quando a tourné acabar, termina, precisamente, quando
fazemos 10 anos. Vai ser bué de fixe!
Sofia:
O que vocês mais gostam na vossa profissão?
Tatanka:
Eu gosto do ambiente descontraído, que no nosso caso é assim, nós somos um caso
singular, temos a felicidade de ter grandes amigos, enquanto, colaboradores do
projeto, são pessoas que se dedicam tanto como nós, cada um dentro da medida
que pode, e acho que podemos bastante juntos, temos uma relação muito forte, e
a felicidade que temos de serem amigos, acima de tudo, em vez de ser pessoas
que trabalham para nós, sei lá… Porque, isto ao mesmo tempo que é uma banda e é
música, e tudo mais, acaba por ser uma company, uma empresa, que fatura
dinheiro que paga as pessoas que tocam connosco, mas que no fim de tudo, quando
olhamos para o quadro maior, vemos que são todos amigos, são todos pessoas com
quem queremos jantar, com quem partilhamos a nossa casa, com quem se for
preciso deixamos os nossos filhos, e essa, é provavelmente, a grande diferença
para um ambiente profissional corporativo, propriamente dito, de quando vais
trabalhar para uma empresa, para um escritório, que tens um patrão que te fod*
a vida, e há sempre esse tipo de esquemas de hierarquias e de merd** que são
naturais deste tipo de realidades. E nós temos a felicidade de ser sempre fixe,
apesar de, do que a gente vá trabalhar de ser chato, pode ser até duro viajar
horas, hoje por exemplo, dormimos três horas, viemos ontem para fazer som hoje
às oito da manhã. Chegamos as duas e tal, deitamos-mos às três e tal e
acordamos as sete e tal. Ok, é tramado, se agora viajássemos para os Açores íamos
dormir outra vez três horas, essa cena é dura, mas ao mesmo tempo a malta está
sempre a mandar umas risadas, o ambiente é super fixe, super descontraído, e
isso, é o que realmente é diferente da nossa profissão, das artes para ambientes
corporativos, por exemplo.
Miguel: Acho
que também, o grande fator que diferencia é também não haver uma rotina, cada
dia é uma aventura, cada show é sempre uma aventura, nunca sabes o que vai
acontecer e voltando aqui um bocadinho atrás na conversa… Eu acho que, nós por
acaso somos uns sortudos, uns felizardos, porque nós trabalhamos com amigos e
esses amigos que estão connosco, se não tivessem a entrega que têm não estávamos
aqui hoje a falar. Devemos muito à nossa equipa, é mesmo assim, se não fossem
eles os The Black Mamba não estariam aqui a tocar num festival como este. Isto
é fruto de um trabalho de equipa, e estamos muito gratos por isso!
Espero que tenham gostado, e se sim, não podem perder a segunda parte desta entrevista, sem filtros!
Não se esqueçam de deixar o vosso feedback, e de seguir para não perderem nenhum post!
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